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Criança não namora: como conversar com pequenos e adultos sobre o tema

9 de junho de 2020

A infância é um momento mágico onde esses pequenos novos seres estão descobrindo o mundo e como se relacionar com ele e com as pessoas. E nós, adultos, somos os guias e o espelho das crianças nesse caminho. A criança vai crescendo, começa a andar, a falar, a conhecer o mundo e, principalmente, o outro; passa a querer fazer o que todas as outras pessoas ao seu redor fazem. Uma dessas coisas é namorar! 

Imagine a cena: de repente seu filho, ou filha, chega em casa contando que dois coleguinhas estão namorando. Talvez admita até que ele mesmo (ou ela) também já esteja namorando uma amiguinha(o) da sala. Quando isso acontece, alguns pais acabam achando graça da situação e até incentivam os pequenos a continuar a história. Mas, apesar de parecer bonitinho, isso não traz nada de bom para a criança.

Segundo a pedagoga e especialista em educação somática, Elisete Cavichioli, as crianças são naturalmente curiosas em relação aos relacionamentos dos adultos e essa curiosidade é essencial para que elas possam conhecer o mundo que as cercam. “Todo ser humano tem necessidade de se relacionar afetivamente, temos o desejo de amar e sermos amados”, explica a especialista.

Elisete considera, porém, que iniciar um relacionamento ou namoro é um comportamento adequado somente a partir da passagem da adolescência para a vida adulta. “Relacionamentos exigem responsabilidade e fatores biológicos”, afirma ela. Antes disso, segundo a pedagoga, a necessidade de relacionamento da criança é afetiva e deve ser suprida pela família, pelas brincadeiras e pelos amigos.

Confira abaixo a entrevista completa com a Elisete e suas dicas para lidar com o tema:

1. Como podemos explicar para a criança, o que é o um relacionamento entre adultos?

Devemos explicar para criança, que a escolha de se relacionar, conviver como um casal, ou ainda estar em um relacionamento; exige crescer, se tornar adulto. É importante explicar de forma natural e simples. Estas explicações sobre relacionamento, devem ocorrer em todas as fases da criança, sempre de acordo com o nível de compreensão dela. 

É preciso explicar que o relacionamento que existe entre crianças, é de amizade. Também dar exemplos de quem são nossos amigos; como são a reações afetivas entre amigos e casais. Desta forma já estamos estabelecendo a clareza de papéis e comportamentos diferentes entre crianças e adultos. É preciso orientar e apresentar limites sem tratar os relacionamentos como algo vergonhoso; mas sim como algo muito saudável, com diferenças. 

2. Quando uma criança chega em casa falando que está apaixonada, ou até mesmo namorando um coleguinha, como os pais devem agir?

Muitos adultos têm dificuldades de responder ou falar sobre dúvidas que as crianças apresentam. O ideal é não dar explicações muito formais e fazer questionamentos para a criança ir explicando do jeito dela o que está acontecendo. É nesta dinâmica que vamos compreender o que está verdadeiramente ocorrendo. 

Os adultos devem escutar as crianças, sem julgamentos ou demonstrando estarem assustados. Pais e adultos são referências para os pequenos, portanto, devem evitar atitudes negativas em relação ao assunto abordado pela criança. 

Na conversa é importante esclarecer que criança não namora, que estes são comportamentos que temos na vida adulta, que precisamos crescer para namorar. A repressão deve ser evitada, para não causar nenhuma negação da expressão dos sentimentos e da sexualidade. Este é um assunto que deve ser tratado com carinho para que a criança tenha um entendimento saudável do mundo e de si mesma.

3. E quando o incentivo a este comportamento vem do adulto?

As crianças são seres espontâneos, vivem sua vida de maneira criativa através das brincadeiras e dos relacionamentos com os amigos. Podemos incentivar esta interação de maneira saudável e alegre. Isto trará segurança às suas descobertas para vida adulta com equilíbrio. 

Não cabe aos adultos incentivar, brincar ou estimular comportamentos que não condizem com o desenvolvimento afetivo e biológico da infância. Incentivar estes comportamentos pode gerar estímulos desnecessários e inibições que vão ocasionar constrangimentos e vergonha em determinadas fases da vida.

 

Elisete Cavichioli, é pedagoga, professora da Graduação e Pós Graduação, orientadora
de Pais, Crianças e Adolescentes. Possui ainda formação em Biopsicologia e Gestão
Escolar . E, é especialista em Educação Somática. Palestrante.

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