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Novembro Dourado: como identificar e tratar o câncer infantil?

22 de novembro de 2019


A notícia sempre cai como uma bomba, ninguém está preparado para recebê-la. Por isso, as primeiras reações são o desespero e o pânico. Mas o que fazer quando seu filho é diagnosticado com câncer?  É preciso, antes de mais nada, recuperar a razão, ter tranquilidade e enfrentar o problema de frente. O câncer infanto-juvenil, hoje, tem cura em boa parte dos casos. E é nisso que precisamos acreditar.

Oncologista pediátrico e diretor clínico do Hospital do GRAACC, em São Paulo, o doutor Victor Zecchin faz um alerta: quanto antes se iniciar o tratamento, maiores são as chances de cura. Sempre que possível, os pais devem procurar os centros específicos de câncer infanto-juvenil onde, comprovadamente, os resultados são melhores do que em hospitais gerais já que as equipes são mais especializadas e os recursos técnicos melhor direcionados para este tipo de atendimento. Atualmente, no GRAACC, a média de cura já passa de 70%, incluindo os tratamentos de alta complexidade.

Assim como nos adultos, o tratamento do câncer infantil pode ser realizado através de cirurgia, quimioterapia, radioterapia e/ou transplante de medula óssea. No entanto, há diferenças importantes, os tumores nas crianças têm crescimento mais acelerado e por isso exigem terapias mais intensas.

Felizmente, elas também se recuperam mais rapidamente. É importante considerar também que, como a origem da doença não é hereditária, na maioria dos casos entre os mais jovens não é possível preveni-la, o que torna o diagnóstico precoce fundamental para aumentar a chance de cura.

Como contar para a criança que ela está com câncer?

A conversa com as crianças menores, de acordo com o Dr. Zecchin deve ser realizada de maneira mais lúdica, através de bonecos e desenhos. Já os adolescentes requerem uma maior habilidade de comunicação dos médicos, psicólogos, enfermeiros, nutricionistas, professores, todos os que precisam incentivar o paciente a lutar pela vida.

A relação, seja com o doente, seja com a família deve ser de respeito, nunca de pena. A criança e o adolescente precisam saber que a medicação pode privá-los de coisas que eles gostariam de fazer e podem fazê-los sentir-se mal. Mas é o que pode levá-los à cura.

Quais os sintomas do câncer infantil?

Os principais sinais e sintomas do câncer infanto-juvenil, ressalta o diretor do GRAACC, são os mesmos de outras doenças próprias da idade, como dor de cabeça, vômito, ínguas, dor nas pernas, manchas roxas e pintinhas vermelhas. Isso, na verdade, pode dificultar a identificação do problema real.

Portanto, os pais devem ficar atentos à permanência dos sintomas. Caso eles não desapareçam em um prazo de 7 a 10 dias, é preciso procurar um médico e pedir investigação mais apurada, um diagnóstico mais detalhado que inclua exames laboratoriais ou radiológicos.

Quais os principais tipos de câncer em crianças e adolescentes?

A pedido do Blog da Calesita, como parte da campanha do Novembro Dourado, a direção clínica do Hospital do GRAACC preparou uma relação das modalidades mais comuns da doença entre os jovens, de acordo, inclusive, com a faixa etária

Leucemia: Ocorre em qualquer faixa etária, porém com características diferentes em cada uma delas. É o câncer mais comum na infância, com origem na medula óssea. Os principais sintomas são dor nos ossos ou articulações, palidez, manchas roxas, sangramento, febre e abatimento. Os protocolos de tratamento são quimioterapia e transplante de medula.

Tumores do sistema nervoso central, cérebro e cerebelo: São os tumores mais frequentes em crianças. Os sintomas mais comuns são dor de cabeça e vômitos pela manhã, tontura e perda do equilíbrio. Qualquer criança com persistência desses sintomas deve ser examinada por um neurologista. Os tumores benignos são tratados apenas com cirurgia. Para os malignos, em geral, são necessárias quimioterapia, radioterapia e eventualmente transplante de medula.

Neuroblastoma: Geralmente acomete crianças com menos de 5 anos. Os locais mais comuns são abdômen (com aumento da barriga, podendo ser acompanhado de dor e perda de controle das fezes e urina), tórax (causando dor e dificuldade para respirar) e pescoço, perto da coluna vertebral. Mas também pode afetar fígado, ossos e medula óssea. O tratamento é feito com cirurgia e quimioterapia, e, em alguns casos, radioterapia e transplante de medula.

Retinoblastoma: Afeta os olhos e geralmente ocorre antes dos quatro anos. A principal manifestação é um reflexo brilhante no olho doente, parecido com o brilho dos olhos de um gato quando iluminados à noite. As crianças podem ainda ficar vesgas, ter dor nos olhos ou perder a visão. O exame do fundo de olho, com a pupila bem dilatada, é a forma de diagnóstico. Os tumores pequenos podem ser tratados com métodos especiais, que permitem que a criança continue a enxergar normalmente.

Sarcomas de partes moles: São tumores que podem ocorrer em músculos, gordura e articulações. Afetam crianças, adolescentes e adultos. São identificados por inchaço local, pele avermelhada e dor. Podem ocorrer na cabeça, no pescoço, na área genital, nos braços e nas pernas. O diagnóstico é feito por biópsia. Já o tratamento é realizado com cirurgia e quimioterapia.

Tumor de Wilms: Geralmente aparece antes dos cinco anos, como uma massa no abdômen. Pode causar ainda sangue na urina, dores abdominais e pressão alta. Ultrassom é o exame mais indicado para o diagnóstico. Para tratar é preciso cirurgia para a retirada do rim comprometido, com quimioterapia ou radioterapia.

Linfoma de Hodking: É um tumor que acomete gânglios e baço, mais frequente em adolescentes. A maioria dos casos começa com “ínguas” que vão crescendo no pescoço, nas axilas ou na região inguinal. A criança pode apresentar febre prolongada e perda de peso. O diagnóstico é feito com biópsia. O tratamento exige quimioterapia e radioterapia.

Linfoma não Hodgkin: Mais frequente em meninos, dos quatro aos oito anos. Atinge principalmente o tórax (com tosse e falta de ar) e o abdome (com dor na barriga e retenção das fezes). O tipo de tratamento depende do tumor e de onde ele está localizado.

Tumores ósseos: São mais frequentes em adolescentes. Quase sempre o paciente conta que teve uma batida que causou dor, mas a dor não vai embora. O local mais comum é logo acima ou logo abaixo do joelho. A pele pode ficar vermelha e quente e, quando o tumor cresce, é possível ver também um inchaço no local, sintomas que podem ser confundidos com infecções ou dores do crescimento. Para diagnosticá-los é importante fazer um raio X, tomografia ou ressonância do local. O tratamento é feito com cirurgia e quimioterapia e o diagnóstico precoce aumenta as chances de cura para até 70%.

 

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