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Por que crianças não devem ser obrigadas a compartilhar

26 de julho de 2018

Eu sei que você vai querer me matar com o título desse texto, mas vamos lá, deixa eu explicar: Sara está na fase do “é meu” e eu sempre morri de vergonha quando ela está perto de alguma outra criança e não quer dividir os brinquedos. Algumas vezes, eu já tirei o brinquedo da mão dela e emprestei pra outro amigo. Ela chorou, reclamou, mas depois se distraiu com outra coisa. Ok. Ensinei ela a dividir, que o mundo não gira ao redor dos interesses e necessidades dela. Ensinei mesmo?

Um certo dia eu estava assistindo Netflix, feliz e contente. Aí, fui ao banheiro e quando voltei… meu marido estava no meu lugar, com a minha Netflix, assistindo outra coisa. A casa caiu! Aí te pergunto: eu poderia assistir depois? Eu poderia deixar pra lá? Eu poderia relevar? Mas, amiga, era o meu momento. Eu estava muito bem, feliz e contente. Por que EU abriria mão do meu momento por outra pessoa? Apenas para evitar a terceira guerra mundial.

Quando seu filho está brincando com alguma coisa, vem outro amigo e tira dele, ou chora por isso e você insiste que ele tem que emprestar, você não está ensinando a compartilhar. Você só está mostrando que quem vence é o mais forte, o mais persistente ou o mais chorão.

Claro que não estou falando aqui da criança que tem vários brinquedos por perto e não quer emprestar nenhum. Estou colocando aqui a situação de que você não deveria insistir para que ele compartilhasse o que ele estava brincando naquele momento. Crianças precisam aprender, sim, que não podem ter tudo e quando querem. Precisam aprender a compartilhar pelo prazer de deixar o outro feliz, porque querem fazer isso e não porque choram mais. Isso serve inclusive para irmãos.

É muito comum dizermos: “empresta para o seu irmão, ele é mais novo, ele não entende, olha o seu tamanho”. O que o mais velho aprende com isso? Que o mais novo sempre terá poder por ser o mais novo e, ao invés de unir, isso muitas vezes afasta irmãos e cria uma relação de poder dos dois lados, do mais fraco e do mais velho.

E foi aí que eu percebi que essa era apenas uma das centenas de coisas que faço errado. Se eu estou em um metrô e abro um pacote de biscoito, eu não ofereço meu biscoito pra todo mundo ali, e iria achar muito estranho se alguém tirasse o biscoito da minha mão e resolvesse comer. Mas se o seu filho estiver na pracinha você obriga ele a oferecer pra pracinha inteira, e se alguém tira um brinquedo da mão dele e ele não quiser emprestar, chamam seu filho de egoísta. Será que é mesmo ou será que o egoísta somos nós em não valorizarmos os sentimentos das crianças? Vale a reflexão!

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